Plural de cores e a surpresa do pastel

Esta é a pegadinha de português mais comum para quem traduz ou escreve textos sobre moda: o bendito plural de cores

Blusas rosas ou blusas rosa?

Olhos azul-claros ou olhos azuis-claros?

Vestidos pastel ou vestidos pastéis?

Para saber a resposta, você precisa analisar a origem do nome da cor. 

Caso a cor venha de um substantivo (vinho, areia, rosa, turquesa, laranja, salmão, cereja, abóbora, azulão, cinza, gelo etc.), ou seja, de algo que existe independentemente do universo das cores, não há variação. É como se estivesse implícito o “cor de…”.

Exemplo: Estas camisas têm cor de cinza. Camisas cinza.

O mesmo vale para rosa (já que a palavra vem da flor). O correto é camisas rosa, não camisas rosas.

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Já quando a cor é um adjetivo (só existe como cor), ela deve variar normalmente.

Exemplos: olhos azuis, saias pretas, lenços amarelos.

Mas há exceções! No primeiro caso, ainda que lilás venha de um substantivo (a flor), há variação (vestidos lilases). Já no segundo caso, a exceção vale para bege, azul-marinho e azul-celeste (meias azul-celeste).

E quando estamos falando de um adjetivo composto, digamos, azul(adj)-escuro(adj)? Devemos dizer blusas azuis-escuras ou blusas azul-escuras? Aqui, o plural vai sempre e somente para a segunda palavra, ou seja: blusas azul-escuras.

Isso vale mesmo para as cores que vêm de substantivos, mas que são seguidas por um adjetivo. Por exemplo, rosa(subst)-claro(adj). O correto é blusa rosa-clara e blusas rosa-claras. 

O contrário também é verdade. Quando se trata de uma palavra composta, mas o segundo termo vem de um substantivo, não há variação. Exemplo: Uma calça azul(adj)-turquesa(subst.) e duas calças azul-turquesa.

Ok, mas e o bendito pastel? São tons pastéis ou tons pastel? Como pastel vem de um substantivo, não há variação. O correto é vestidos pastel (por incrível que pareça). 

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Se quiser saber mais sobre o assunto, vale a pena conferir este post da Thaís Nicoleti, consultora de língua portuguesa. 

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Quem odeia o Chris mesmo?

Reprodução/Everybody Hates Chris

A gente pode até já saber bem o português, mas sempre tem espaço para melhorar…

Em 2019, comecei um curso de Tradução e Interpretação na Alumni para ganhar mais embasamento no que faço já há alguns anos. Lá, estamos revendo algumas das normas cultas do português. E, rapaz…

Você lembrava que o uso do “mais bem” ou “melhor” e do “mais mal” ou “pior” depende da presença ou não do verbo no particípio?

Então, “Nosso time ganhou, pois estava mais bem treinado que o outro” está correto. Já “Nosso time ganhou, pois estava melhor treinado que o outro” está ERRADO.

Outra que me pegou pelo pé: você sabia que o certo não é televisão a cores, mas em cores? Pois é, o certo seria dizer “a vivo e em cores”, não “a vivo e a cores”.

Agora um especial para dar aquele nó na cabecinha. Existe diferença em usar o “todo o/ toda a” (seguidos por artigo) e somente “todo/toda”. Quando tem o artigo, significa “inteiro”, quando não tem, significa “qualquer”.

Por exemplo: “Viajou tanto que conhece todo o mundo” (conhece o mundo inteiro); “Toda infração será punida” (qualquer infração).

PERAÍ, QUER DIZER QUE O CORRETO É “Todo O mundo odeia o Chris”, já que a frase é no sentido de que o “mundo inteiro” odeia o Chris, não de que “qualquer mundo” odeia o Chris???

Não! Nesse caso específico – de “todo mundo” no sentido de “todas as pessoas” –, já está consagrada a expressão sem o uso do artigo, então tudo bem escrever assim: “Todo Mundo Odeia o Chris”. Ufa. Só faltava, né?

Conclusão: Eita língua difícil. Ainda bem que a gente aprende um pouco todos os dias.

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